Rádio a Ferro e Fogo Online

3.5.09

STRESS - FLÔR ATÔMICA

UM MARCO NA HISTÓRIA DO METAL NACIONAL. BANDA PARAENSE QUE MARCOU ÉPOCA.
Em 1978, a STRESS começou a compor suas próprias músicas. A primeira delas foi “Stressencefalodrama”. Nesta época, enquanto as bandas brasileiras continuavam a seguir a trilha do rock'n'roll e do rock progressivo, a STRESS forjava o seu estilo rápido e pesado. Paralelamente, um certo movimento de bandas inglesas começava a tomar corpo e era batizado de “New Wave of British Heavy Metal”, a Nova Onda do Heavy Metal Britânico, no qual despontavam nomes como “Judas Priest”, “Saxon”, “Motorhead” e “Iron Maiden”, praticamente desconhecidas pelo público brasileiro. As composições da STRESS continham a mesma dose de peso e fúria dos bretões, porém com um estilo original e único. Como não havia liberdade de expressão no Brasil dos anos 70, todas as letras de André Chamon eram censuradas, mas ele sempre encontrava um jeito de substituir as palavras que eram consideradas subversivas, por outras com a mesma pronúncia. Por exemplo: na letra de “O Lixo”, a expressão “Lixo Humano” foi vetada porque, segundo os censores, denegria a imagem do ser humano. Bastou que ele retirasse duas letras, para que se transformasse em “Lixo mano” e fosse liberada. A música “O Oráculo do Judas”, que originalmente chamava-se “Corpus Christi”, também teve que ser modificada. Em junho de 1979, o show “Uma Noite na Floresta” marcou a despedida do baixista Wilson Silva da STRESS, que passou a contar com a participação de Carlos Reimão. Já bastante conhecida, a banda realiza vários shows com grande sucesso em Belém. Em novembro de 1980, com o show “Stressencefalodrama”, a STRESS bate o recorde de público no Teatro Waldemar Henrique com três shows “sold out”. No ano seguinte, em novembro de 1981, apresenta o show FLOR ATÔMICA no maior ginásio de esportes da cidade (o da Escola Superior de Educação Física) e um show ao ar livre em uma das principais avenidas de Belém (a Av. Doca de Souza Franco) ambos prestigiados por milhares de pessoas. Em junho de 1982, nas vésperas de um show no Ginásio de Esportes da Universidade Federal do Pará, o baixista Reimão abandona a STRESS, e o vocalista Bala resolve assumir definitivamente o baixo.
O Primeiro Álbum: Stress
Motivados pelo grande sucesso alcançado em sua cidade natal, os integrantes da STRESS viajam para o Rio de Janeiro, e hospedam-se em um único quarto de uma pequena pensão no bairro do Catete, para gravar o seu primeiro disco, de maneira independente, no menor espaço de tempo possível, pois as despesas, ao contrário do que previram, aumentavam a cada dia. Foi assim que, nos dias 3 e 4 de agosto de 1982, em apenas 16 horas, numa mesa de 8 canais, nos Estúdios Sonoviso, a STRESS grava aquele que seria o primeiro LP de heavy metal de uma banda brasileira. Mas foi necessária uma grande luta para registrar o peso em vinil. O técnico de som quase colocou tudo a perder. Queria a todo custo deixar o som limpo. Chegou a tentar enganar a banda, dizendo que não era necessário pedal de distorção, pois esta seria acrescentada na mixagem. Apesar dos poucos recursos existentes e da falta de preparo dos técnicos de estúdio no Brasil, que desconheciam este tipo de som, a STRESS consegue impor o seu estilo. Após a gravação, ainda em 1982, a STRESS volta a Belém e monta uma superprodução para o lançamento do disco. O show acontece em novembro de 1982 no Estádio da Curuzú, o estádio de futebol do clube Payssandu, onde tocam para o seu maior público, estimado em 20.000 pessoas. No início de 1983, Pedro viaja para França, sendo substituído pelo guitarrista Paulo Gui. André retorna ao Rio de Janeiro, onde faz a divulgação do disco na legendária rádio Fluminense FM, que anuncia a STRESS como “A banda de rock mais pesada do Brasil”, e executa a música “O Oráculo do Judas” e outras em sua programação. Em abril de 1983, a STRESS realiza o seu primeiro concerto no Rio de Janeiro. Era a primeira noite do heavy metal no Circo Voador, outra instituição do rock carioca. Ao chegarem ao local do show, os membros da STRESS tiveram uma grande surpresa: a casa estava lotada e foram recebidos pelos fãs como se estivessem “estourados” na mídia. Não sabiam que a música “O Oráculo do Judas” havia entrado na programação da rádio Fluminense, e realmente não esperavam tal receptividade. Após a apresentação, o público invade o palco para pedir autógrafos, surpreendendo os produtores, que jamais haviam visto reação igual em qualquer outro show realizado naquele local. Em depoimento na época, André disse acreditar que o sucesso da STRESS se devia ao fato de que seus membros faziam no palco aquilo que gostariam de assistir, e se identificavam com o seu público, porque viviam e sentiam como ele. Alguns meses depois, a STRESS voltaria a se apresentar no Circo Voador, desta vez sem o tecladista Leonardo Renda e, agora, com a entrada do guitarrista Serginho Barbosa no lugar do Paulo Gui.A Repercussão no Rock/Heavy BrasileiroEra um tempo de mudanças: várias outras bandas de rock começavam a aparecer no cenário nacional, quebrando o monopólio da MPB, que durante anos dominara o mercado fonográfico. Muitas dessas bandas, que dividiam os palcos com a STRESS, viriam a encabeçar o movimento que ficou conhecido como “Rock Brasil”. Foi neste início dos anos 80 que as grandes gravadoras começaram a se interessar por este movimento, e passaram a procurar algumas daquelas bandas, contratando de início as mais comerciais, como “Barão Vermelho”, “Blitz” e “Ultraje a Rigor”. Embora, no início, alguns jornais e revistas tivessem incluído a STRESS no movimento “Rock Brasil”, esta banda sempre se recusou a tornar o seu som mais comercial e acessível para os padrões daquela época, em que as rádios populares não tocavam rock pesado. Mesmo lotando todos os locais onde se apresentavam, as guitarras distorcidas e o ritmo acelerado da STRESS impediam o seu acesso ao grande público. Finalmente, com o anúncio do “Rock in Rio I”, que seria realizado em janeiro de 1985, e a divulgação das bandas de heavy metal estrangeiras que participariam deste festival, a grande mídia abriu pela primeira vez espaço para este estilo.
O Segundo Álbum: Flor Atômica
Animados com a divulgação inédita que o metal havia conseguido, o baterista André Chamon e o vocalista Roosevelt Bala resolveram se mudar definitivamente para o Rio de Janeiro, em busca de novas oportunidades para a STRESS. Estavam no lugar certo e na hora certa, e surgiu a chance de lançar o seu segundo disco através de uma grande gravadora. Chamaram o tecladista Leonardo Renda e o guitarrista Paulo Gui, que estavam em Belém, mas estes não puderam viajar para o Rio. Lembraram-se do guitarrista Alex Magnum e do baixista Bosco, que haviam visto tocar em uma banda de Niterói, chamada Metal Pesado, e os convidaram para a gravação. E foi assim que, em meio a lançamentos de discos de bandas “new wave”, estilo de música pop americana que era o modismo da época no Brasil, a STRESS lançou, em 1985, o seu segundo LP, “Flor Atômica”, através de uma gravadora multinacional, a Polygram.A Repercussão na . Com isto, a STRESS ganhou espaço em jornais e revistas do Brasil inteiro, como O Globo, Jornal do Brasil, Revista de Domingo, O Dia, Última Hora, Tribuna de Minas, O Liberal, A Província do Pará, Isto É, Amiga, Veja, Som Três, Ele e Ela, Bizz, Roll, Rock Stars, Metal, Enciclopédia do Rock, Mixtura Moderna, Bizzu, Pipoca Moderna, Dicionário do Rock, entre outros. O disco “Flor Atômica” foi muito bem recebido pela crítica, que se referia à STRESS e ao seu trabalho da seguinte forma: “A mais tradicional banda de heavy metal brasileira”, “Um trabalho histórico dentro do mercado”, “Primordial nome do metal brasileiro”; “Fez história no heavy nacional; “Uma banda extremamente competente”. Na televisão, a STRESS se apresentou em vários programas. Na Tv Manchete: “Som Maior”. Ainda na TV Manchete: “Clube da Criança”, com a apresentadora Xuxa no início da sua carreira. Na Tv Bandeirantes: “Série Nossa Amazônia”, “Programa Alberto Brizola” e “Fórmula Única”. Na Tv Record: “BB Vídeo”. A STRESS também foi convidada pela Tv Globo para defender uma música chamada “Os Jovens Não Devem Morrer” no “Festival dos Festivais”, e seus membros viajaram para Recife para participar da primeira etapa a ser realizada no dia 27 de julho de 1985. O arranjador oficial do festival, César Camargo Mariano, gostou tanto do trabalho da STRESS que deu carta branca para que a banda fizesse o seu próprio arranjo. Após já haverem ensaiado a música e a movimentação de palco, o autor da música começou a criar problemas e a tentar interferir no arranjo da STRESS, dizendo que havia ficado muito pesado. Não concordando em aliviar o seu som, a STRESS acabou deixando de participar deste festival, rasgando a chance de mostrar o seu trabalho para o grande público. Foi também em 1985 que a TVE do Rio de Janeiro produziu o primeiro “clip” da STRESS, com a música “Flor Atômica”. Este trabalho foi veiculado no programa “Fantasia, em uma época em que o formato de “clips” ainda era novidade e não era divulgado como nos dias de hoje.A Fidelidade ao Heavy MetalApesar de não ter atingido o índice de vendas esperado pela gravadora, a STRESS liderou um movimento underground heavy no Rio de Janeiro, cujo templo era um lugar obscuro chamado Caverna, situado ao lado da maior casa de espetáculos da cidade na época: o Canecão. Nas matinés do Caverna, a STRESS dava oportunidade para as bandas iniciantes fazerem a abertura dos seus shows. Entre estas bandas, estava uma formada por garotos mineiros que se declaravam fãs da STRESS e tinha um nome muito estranho: “Sepultura”. Apesar do movimento heavy carioca, as gravadoras continuavam investindo somente nas bandas mais comerciais. A STRESS chegou a receber propostas para amenizar o seu som e tornar-se mais uma entre as bandas que emplacavam seus hits pops no play list padronizado das rádios. Mas a STRESS sempre foi muito fiel ao seu público e, por uma questão de princípios, se recusou a mudar seu estilo. E como os grandes mártires, sofreu as conseqüências da sua bravura, perdendo o contrato com a gravadora. Sem espaço no Brasil, as outras bandas heavy, que compunham suas letras em inglês, passaram a lançar seus discos através de selos estrangeiros. Recusando-se mais uma vez a modificar o seu trabalho, a STRESS decidiu manter suas letras em português, e com isto perdeu o apoio dentro e fora do seu país, ficando isolada entre os dois movimentos. Em 1986, no meio da crise, o guitarrista Alex e o baixista Bosco resolvem deixar a STRESS, que anuncia abertas as vagas para substituí-los. Depois de vários testes, escolhem o guitarrista Christian, filho de um americano com uma brasileira, e o baixista Rick, com quem fazem alguns shows. Christian e Rick brigam entre si, e o Rick sai da banda. Bala reassume o baixo, e junto com André e Christian grava uma demo no estúdio do Carlinhos, ex-guitarrista da banda Ultraje a Rigor, em São Paulo. A STRESS participa do Festival de Juiz de Fora, e continua fazendo shows em outras cidades, até que o Christian, que também era cidadão norte-americano, vai morar de vez nos Estados Unidos da América. Christian ainda tenta convencer os outros membros da banda a se mudarem para a terra do tio Sam, mas estes decidem continuar no Brasil. Depois de mais este duro golpe, a STRESS ainda tenta se manter na estrada com o guitarrista Alex Schio e o baixista Alex Bressan, de Juiz de Fora, mas estes não ficariam por muito tempo na banda.A Suspensão das AtividadesBala e André, que haviam literalmente mudado suas vidas por amor ao heavy, saindo da sua cidade, deixando emprego e diploma para trás, e afastando-se das suas famílias, não viam mais luz alguma no fim do túnel e, em 1987, resolvem dar um tempo e esperar o momento propício para retornar. Mas que momento seria este? Os acontecimentos seguintes pareciam afastar cada vez mais a STRESS do seu objetivo. Desde 1986, o rock havia sido abalado pelo surgimento da Axé Music, e a partir dela, por uma sucessão de modismos, que durante quase dez anos invadiram a mídia, que não se cansava de dizer que o rock havia morrido. E assim foi, até que, em 1994, a indústria fonográfica resolveu apostar em bandas regionais como os Raimundos e Chico Science & Nação Zumbi, que misturavam rock com música do nordeste.
CD Stress III
Pensando haver chegado a hora, o vocalista Roosevelt Bala, o guitarrista Paulo Gui e o baterista André Chamon se reúnem novamente para compor novas músicas e, em 1996, a STRESS lança o seu terceiro disco em CD, “Stress III”, com produção independente. Mas a banda não tinha o sotaque nordestino nem a miscigenação rítmica desejada pelo mercado, o que fez este trabalho passar praticamente desapercebido.20 Anos de Heavy Metal: O ReconhecimentoFinalmente, em 2001, quando já quase não havia mais esperanças de um possível retorno, a STRESS recebeu um convite do selo “Dies Irae” para fazer o relançamento em CD e vinil do seu primeiro disco, em comemoração aos 20 anos de heavy metal no Brasil. A produção só foi concluída em 2003, e o disco foi relançado com distribuição internacional. Como conseqüência, em maio de 2003, o disco recebeu elogios rasgados na coluna "in scheiben" publicada na revista alemã "Rock Hard", uma das mais importantes publicações do mundo no gênero. Nesta revista, o crítico Boris Kaiser deu ao disco nota 8, qualificando-o como uma magnífica descoberta, um produto hiper-raro, que deve ser adquirido por todos os amantes da “New Wave of Britsh Heavy Metal” (a nova onda do heavy metal britânico), e do US-Metal (o metal americano). No seu comentário, o crítico alemão acrescenta um ponto de exclamação (!) ao dizer que a STRESS veio da Amazônia, e dois (!!) quando informa que o disco foi lançado em 1982. Paralelamente, a importância da STRESS é reconhecida em sua terra natal, e a banda é homenageada pelo Governo do Estado do Pará, que a inclui em seu calendário oficial. Motivada pelo reconhecimento internacional do seu trabalho, a STRESS fez um show histórico, no dia 13 de maio de 2005, na cidade de Belém, onde tudo começou. Este show, que marcou o retorno da banda, foi gravado pela Tv Cultura do Pará, para a produção do seu primeiro DVD.
Os Dias de Hoje e o Lançamento do DVD
A notícia do retorno da STRESS se espalha rapidamente através da mídia. Na imprensa, ainda no mês de maio, a revista “Valhalla” inclui a STRESS entre as dez bandas fundamentais do metal nacional. Em julho, a revista “Rock Brigade” dedica uma página para anunciar o retorno da STRESS. Em setembro, a STRESS dá uma entrevista ao programa “Stay Heavy” na All Tv, a primeira Tv via internet do Brasil. Em outubro, a revista “Roadie Crew” publica a cobertura do show da STRESS em São Paulo, e em novembro dedica quatro páginas para contar a história da banda. Na televisão, no dia 12 de julho de 2005, o “Jornal Hoje” da Tv Globo mostra cenas do show de Belém, enfatizando o fato de a STRESS ser a primeira banda de heavy metal do Brasil, e estar influenciando novas bandas. Em 2007, a STRESS lança um DVD com o show que marcou o seu retorno em 2005, incluindo making off, discogradia e um documentário que conta toda a sua história."Fonte: Wikipedia.org

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