UM MARCO NA HISTÓRIA DO METAL NACIONAL. BANDA PARAENSE QUE MARCOU ÉPOCA.
O Primeiro Álbum: Stress
Motivados pelo grande sucesso alcançado em sua cidade natal, os integrantes da STRESS viajam para o Rio de Janeiro, e hospedam-se em um único quarto de uma pequena pensão no bairro do Catete, para gravar o seu primeiro disco, de maneira independente, no menor espaço de tempo possível, pois as despesas, ao contrário do que previram, aumentavam a cada dia. Foi assim que, nos dias 3 e 4 de agosto de 1982, em apenas 16 horas, numa mesa de 8 canais, nos Estúdios Sonoviso, a STRESS grava aquele que seria o primeiro LP de heavy metal de uma banda brasileira. Mas foi necessária uma grande luta para registrar o peso em vinil. O técnico de som quase colocou tudo a perder. Queria a todo custo deixar o som limpo. Chegou a tentar enganar a banda, dizendo que não era necessário pedal de distorção, pois esta seria acrescentada na mixagem. Apesar dos poucos recursos existentes e da falta de preparo dos técnicos de estúdio no Brasil, que desconheciam este tipo de som, a STRESS consegue impor o seu estilo. Após a gravação, ainda em 1982, a STRESS volta a Belém e monta uma superprodução para o lançamento do disco. O show acontece em novembro de 1982 no Estádio da Curuzú, o estádio de futebol do clube Payssandu, onde tocam para o seu maior público, estimado em 20.000 pessoas. No início de 1983, Pedro viaja para França, sendo substituído pelo guitarrista Paulo Gui. André retorna ao Rio de Janeiro, onde faz a divulgação do disco na legendária rádio Fluminense FM, que anuncia a STRESS como “A banda de rock mais pesada do Brasil”, e executa a música “O Oráculo do Judas” e outras em sua programação. Em abril de 1983, a STRESS realiza o seu primeiro concerto no Rio de Janeiro. Era a primeira noite do heavy metal no Circo Voador, outra instituição do rock carioca. Ao chegarem ao local do show, os membros da STRESS tiveram uma grande surpresa: a casa estava lotada e foram recebidos pelos fãs como se estivessem “estourados” na mídia. Não sabiam que a música “O Oráculo do Judas” havia entrado na programação da rádio Fluminense, e realmente não esperavam tal receptividade. Após a apresentação, o público invade o palco para pedir autógrafos, surpreendendo os produtores, que jamais haviam visto reação igual em qualquer outro show realizado naquele local. Em depoimento na época, André disse acreditar que o sucesso da STRESS se devia ao fato de que seus membros faziam no palco aquilo que gostariam de assistir, e se identificavam com o seu público, porque viviam e sentiam como ele. Alguns meses depois, a STRESS voltaria a se apresentar no Circo Voador, desta vez sem o tecladista Leonardo Renda e, agora, com a entrada do guitarrista Serginho Barbosa no lugar do Paulo Gui.A Repercussão no Rock/Heavy BrasileiroEra um tempo de mudanças: várias outras bandas de rock começavam a aparecer no cenário nacional, quebrando o monopólio da MPB, que durante anos dominara o mercado fonográfico. Muitas dessas bandas, que dividiam os palcos com a STRESS, viriam a encabeçar o movimento que ficou conhecido como “Rock Brasil”. Foi neste início dos anos 80 que as grandes gravadoras começaram a se interessar por este movimento, e passaram a procurar algumas daquelas bandas, contratando de início as mais comerciais, como “Barão Vermelho”, “Blitz” e “Ultraje a Rigor”. Embora, no início, alguns jornais e revistas tivessem incluído a STRESS no movimento “Rock Brasil”, esta banda sempre se recusou a tornar o seu som mais comercial e acessível para os padrões daquela época, em que as rádios populares não tocavam rock pesado. Mesmo lotando todos os locais onde se apresentavam, as guitarras distorcidas e o ritmo acelerado da STRESS impediam o seu acesso ao grande público. Finalmente, com o anúncio do “Rock in Rio I”, que seria realizado em janeiro de 1985, e a divulgação das bandas de heavy metal estrangeiras que participariam deste festival, a grande mídia abriu pela primeira vez espaço para este estilo.
O Segundo Álbum: Flor Atômica
Animados com a divulgação inédita que o metal havia conseguido, o baterista André Chamon e o vocalista Roosevelt Bala resolveram se mudar definitivamente para o Rio de Janeiro, em busca de novas oportunidades para a STRESS. Estavam no lugar certo e na hora certa, e surgiu a chance de lançar o seu segundo disco através de uma grande gravadora. Chamaram o tecladista Leonardo Renda e o guitarrista Paulo Gui, que estavam em Belém, mas estes não puderam viajar para o Rio. Lembraram-se do guitarrista Alex Magnum e do baixista Bosco, que haviam visto tocar em uma banda de Niterói, chamada Metal Pesado, e os convidaram para a gravação. E foi assim que, em meio a lançamentos de discos de bandas “new wave”, estilo de música pop americana que era o modismo da época no Brasil, a STRESS lançou, em 1985, o seu segundo LP, “Flor Atômica”, através de uma gravadora multinacional, a Polygram.A Repercussão na . Com isto, a STRESS ganhou espaço em jornais e revistas do Brasil inteiro, como O Globo, Jornal do Brasil, Revista de Domingo, O Dia, Última Hora, Tribuna de Minas, O Liberal, A Província do Pará, Isto É, Amiga, Veja, Som Três, Ele e Ela, Bizz, Roll, Rock Stars, Metal, Enciclopédia do Rock, Mixtura Moderna, Bizzu, Pipoca Moderna, Dicionário do Rock, entre outros. O disco “Flor Atômica” foi muito bem recebido pela crítica, que se referia à STRESS e ao seu trabalho da seguinte forma: “A mais tradicional banda de heavy metal brasileira”, “Um trabalho histórico dentro do mercado”, “Primordial nome do metal brasileiro”; “Fez história no heavy nacional; “Uma banda extremamente competente”. Na televisão, a STRESS se apresentou em vários programas. Na Tv Manchete: “Som Maior”. Ainda na TV Manchete: “Clube da Criança”, com a apresentadora Xuxa no início da sua carreira. Na Tv Bandeirantes: “Série Nossa Amazônia”, “Programa Alberto Brizola” e “Fórmula Única”. Na Tv Record: “BB Vídeo”. A STRESS também foi convidada pela Tv Globo para defender uma música chamada “Os Jovens Não Devem Morrer” no “Festival dos Festivais”, e seus membros viajaram para Recife para participar da primeira etapa a ser realizada no dia 27 de julho de 1985. O arranjador oficial do festival, César Camargo Mariano, gostou tanto do trabalho da STRESS que deu carta branca para que a banda fizesse o seu próprio arranjo. Após já haverem ensaiado a música e a movimentação de palco, o autor da música começou a criar problemas e a tentar interferir no arranjo da STRESS, dizendo que havia ficado muito pesado. Não concordando em aliviar o seu som, a STRESS acabou deixando de participar deste festival, rasgando a chance de mostrar o seu trabalho para o grande público. Foi também em 1985 que a TVE do Rio de Janeiro produziu o primeiro “clip” da STRESS, com a música “Flor Atômica”. Este trabalho foi veiculado no programa “Fantasia, em uma época em que o formato de “clips” ainda era novidade e não era divulgado como nos dias de hoje.A Fidelidade ao Heavy MetalApesar de não ter atingido o índice de vendas esperado pela gravadora, a STRESS liderou um movimento underground heavy no Rio de Janeiro, cujo templo era um lugar obscuro chamado Caverna, situado ao lado da maior casa de espetáculos da cidade na época: o Canecão. Nas matinés do Caverna, a STRESS dava oportunidade para as bandas iniciantes fazerem a abertura dos seus shows. Entre estas bandas, estava uma formada por garotos mineiros que se declaravam fãs da STRESS e tinha um nome muito estranho: “Sepultura”. Apesar do movimento heavy carioca, as gravadoras continuavam investindo somente nas bandas mais comerciais. A STRESS chegou a receber propostas para amenizar o seu som e tornar-se mais uma entre as bandas que emplacavam seus hits pops no play list padronizado das rádios. Mas a STRESS sempre foi muito fiel ao seu público e, por uma questão de princípios, se recusou a mudar seu estilo. E como os grandes mártires, sofreu as conseqüências da sua bravura, perdendo o contrato com a gravadora. Sem espaço no Brasil, as outras bandas heavy, que compunham suas letras em inglês, passaram a lançar seus discos através de selos estrangeiros. Recusando-se mais uma vez a modificar o seu trabalho, a STRESS decidiu manter suas letras em português, e com isto perdeu o apoio dentro e fora do seu país, ficando isolada entre os dois movimentos. Em 1986, no meio da crise, o guitarrista Alex e o baixista Bosco resolvem deixar a STRESS, que anuncia abertas as vagas para substituí-los. Depois de vários testes, escolhem o guitarrista Christian, filho de um americano com uma brasileira, e o baixista Rick, com quem fazem alguns shows. Christian e Rick brigam entre si, e o Rick sai da banda. Bala reassume o baixo, e junto com André e Christian grava uma demo no estúdio do Carlinhos, ex-guitarrista da banda Ultraje a Rigor, em São Paulo. A STRESS participa do Festival de Juiz de Fora, e continua fazendo shows em outras cidades, até que o Christian, que também era cidadão norte-americano, vai morar de vez nos Estados Unidos da América. Christian ainda tenta convencer os outros membros da banda a se mudarem para a terra do tio Sam, mas estes decidem continuar no Brasil. Depois de mais este duro golpe, a STRESS ainda tenta se manter na estrada com o guitarrista Alex Schio e o baixista Alex Bressan, de Juiz de Fora, mas estes não ficariam por muito tempo na banda.A Suspensão das AtividadesBala e André, que haviam literalmente mudado suas vidas por amor ao heavy, saindo da sua cidade, deixando emprego e diploma para trás, e afastando-se das suas famílias, não viam mais luz alguma no fim do túnel e, em 1987, resolvem dar um tempo e esperar o momento propício para retornar. Mas que momento seria este? Os acontecimentos seguintes pareciam afastar cada vez mais a STRESS do seu objetivo. Desde 1986, o rock havia sido abalado pelo surgimento da Axé Music, e a partir dela, por uma sucessão de modismos, que durante quase dez anos invadiram a mídia, que não se cansava de dizer que o rock havia morrido. E assim foi, até que, em 1994, a indústria fonográfica resolveu apostar em bandas regionais como os Raimundos e Chico Science & Nação Zumbi, que misturavam rock com música do nordeste.
CD Stress III
Pensando haver chegado a hora, o vocalista Roosevelt Bala, o guitarrista Paulo Gui e o baterista André Chamon se reúnem novamente para compor novas músicas e, em 1996, a STRESS lança o seu terceiro disco em CD, “Stress III”, com produção independente. Mas a banda não tinha o sotaque nordestino nem a miscigenação rítmica desejada pelo mercado, o que fez este trabalho passar praticamente desapercebido.20 Anos de Heavy Metal: O ReconhecimentoFinalmente, em 2001, quando já quase não havia mais esperanças de um possível retorno, a STRESS recebeu um convite do selo “Dies Irae” para fazer o relançamento em CD e vinil do seu primeiro disco, em comemoração aos 20 anos de heavy metal no Brasil. A produção só foi concluída em 2003, e o disco foi relançado com distribuição internacional. Como conseqüência, em maio de 2003, o disco recebeu elogios rasgados na coluna "in scheiben" publicada na revista alemã "Rock Hard", uma das mais importantes publicações do mundo no gênero. Nesta revista, o crítico Boris Kaiser deu ao disco nota 8, qualificando-o como uma magnífica descoberta, um produto hiper-raro, que deve ser adquirido por todos os amantes da “New Wave of Britsh Heavy Metal” (a nova onda do heavy metal britânico), e do US-Metal (o metal americano). No seu comentário, o crítico alemão acrescenta um ponto de exclamação (!) ao dizer que a STRESS veio da Amazônia, e dois (!!) quando informa que o disco foi lançado em 1982. Paralelamente, a importância da STRESS é reconhecida em sua terra natal, e a banda é homenageada pelo Governo do Estado do Pará, que a inclui em seu calendário oficial. Motivada pelo reconhecimento internacional do seu trabalho, a STRESS fez um show histórico, no dia 13 de maio de 2005, na cidade de Belém, onde tudo começou. Este show, que marcou o retorno da banda, foi gravado pela Tv Cultura do Pará, para a produção do seu primeiro DVD.
Os Dias de Hoje e o Lançamento do DVD
A notícia do retorno da STRESS se espalha rapidamente através da mídia. Na imprensa, ainda no mês de maio, a revista “Valhalla” inclui a STRESS entre as dez bandas fundamentais do metal nacional. Em julho, a revista “Rock Brigade” dedica uma página para anunciar o retorno da STRESS. Em setembro, a STRESS dá uma entrevista ao programa “Stay Heavy” na All Tv, a primeira Tv via internet do Brasil. Em outubro, a revista “Roadie Crew” publica a cobertura do show da STRESS em São Paulo, e em novembro dedica quatro páginas para contar a história da banda. Na televisão, no dia 12 de julho de 2005, o “Jornal Hoje” da Tv Globo mostra cenas do show de Belém, enfatizando o fato de a STRESS ser a primeira banda de heavy metal do Brasil, e estar influenciando novas bandas. Em 2007, a STRESS lança um DVD com o show que marcou o seu retorno em 2005, incluindo making off, discogradia e um documentário que conta toda a sua história."Fonte: Wikipedia.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário