Oito anos do Festival de Rock Feminino
quarta-feira, 24 de março de 2010
Por Elaine Thrash
(fotos por Bel Gasparotto)
Uma cidade pacata. Uma antiga estação de trem. Um calor dos demônios. E muito, muito rock’n roll bem executado por mulheres. Estamos falando do Festival de Rock Feminino, que há oito anos acontece na cidade de Rio Claro!
Em virtude da comemoração do Dia Internacional da Mulher a cidade de Rio Claro – interior de São Paulo, tem a honra de ser nomeada a capital do Rock Feminino. O que antes era apenas um evento com diversas bandas que possuíssem em seu line-up pelo menos uma figura feminina, se tornou um grandioso e respeitado festival com um público numeroso e a oficialização de uma data: Nove de Março - Dia Municipal do Rock Feminino.
A equipe do Metalsplash presenciou o evento deste ano, que teve a banda Shadowside como headliner e o ex-VJ da MTV, o maluco Thunderbird como apresentador.
Foram 15 bandas tocando em dois palcos. A organização, a cargo de Vivian Guilherme, foi extremamente competente, pois não houve nenhum atraso discrepante e todos os shows tiveram um destaque bacana, afinal eram dois palcos e enquanto uma banda tocava em um palco, a próxima banda já se preparava no outro.
Não foi um evento cansativo, massante, pois o repertório de cada banda não ultrapassava 40 minutos.
Para marcar essa oitava edição, o festival contou com um mês de programação, que teve inicio dia 7 de Março e encerrou no dia 21. Exposições, mostras de cinema e teatro, apresentação de banda sinfônica, palestras sobre produção musical, composição e mídia e, claro, o grande dia com a apresentação das bandas na Estação Ferroviária e o encerramento do evento em Cordeirópolis, com a apresentação de seis bandas.
Fazendo parte da equipe de jornalistas convidados pela produção do evento, pudemos conferir as apresentações do dia 20 de Março, a começar pela banda Istha, que com apenas um ano de formação faz uma mistura de hard rock, thrash metal, metal melódico e new metal... Quando uma banda começa a misturar demais, nem sempre o som fica coeso, principalmente pelo vocal que destoou bastante do instrumental.
Na sequencia, uma grande “pequena” surpresa levantou o astral do público. A banda Nota Promissória (nome bem estranho... Daria até uma turnê com a banda Salário Mínimo! tudumpishhhh) formada 100% por meninas de, pasmem, 11 a 15 anos! E que graça! A guitarrista, bem baixinha, segurava um instrumento maior que ela e deixou muito marmanjo no chinelo diante de tamanha desenvoltura com as cordas! As meninas possuem segurança e personalidade no palco e tudo indica que irão bem longe. Destaque para os covers de Iron Maiden e Metallica que elas tocaram.
A próxima banda, Hell’O Bitch, agradou o público pela mistura de pop rock, rock’n roll, hard rock e punk com letras bem humoradas e realistas. (Acho que talvez o nome da banda se refira aos trajes das integrantes...)
Subburbia, a próxima banda a se apresentar, parece não ter agradado muito com seu pop rock alternativo com misturas de eletrônico. A performance de palco, pelo menos, salvou a banda...
Depois quem se apresentou foi a banda Pondera, que tocou um hard rock sem muita empolgação, mas com exageradas atitudes de palco por conta da frontwoman, que por sinal só agrada pela simpatia, porque pela voz... Ponto positivo para o instrumental, bem executado.
Folk, pop rock e uma atmosfera introspectiva marcam a apresentação da banda Nosotros. Nada contra, mas como um som à lá The Strokes, Artic Monkeys e Los Hermanos não me diz absolutamente nada, então só recomendo para quem curte mesmo os nomes citados...
Quem ainda estava ali na Estação lá pelas 16h e pouco pode conferir a apresentação bacana da banda Babi Jaques e os Sicilianos. Assim como a banda acima, não é o tipo de som que me agrada em cheio, mas o ponto positivo está na originalidade do grupo e na ótima voz bem colocada da figura feminina da banda.
E pra quem queria mais peso, a banda Hovário (sim, com “h” mesmo) veio pra dar uma agitada no evento, fazendo um som nos moldes de Chimaira, Korn, Pantera, Kittie, Otep (inclusive abriram para essa última, no show do RJ), entre outras influencias. Pra quem curte Metalcore, até que as moças mandaram bem.
A banda seguinte a se apresentar foi a extremamente colorida Mafalda Morfina. Pop rock com influencias de Madonna, No Doubt, The Killers e Raul Seixas. Um sonzinho light, uma performance animadinha e um vocal bacana, só.
O quinteto de meninas da banda Vernate, já conhecido do público rioclarense, faz mais do mesmo no quesito: bandinhas alegrinhas atuais que são tema da novelinha Malhação. Bem entrosadas, som bem feitinho. Estão no caminho certo no que se propõem.
Até que enfim, um pouco de metal para alegria de nossos ouvidos! A banda Keys of The Light, que já abriu para o Almah, mandou bem em seu Gothic Metal à lá Nightwish. Pena que o público não estava muito empolgado com esse tipo de som. Instrumentais muito bem executados, mas o vocal estava um pouco oscilante em diversos momentos...
Depois veio a aguardada banda da molecadinha fã da vibe “Hardcore Malhação”... Fake Number, a nova sensação do momento na MTV... Showzinho empolgante. Parecia que o público tinha ido só para vê-los... Nada além do que já foi feito por Fresno, NxZero, Strike e demais bandinhas da moda...
A próxima banda a se apresentar mistura um heavy tradicional com thrash metal e este ano está na luta para concorrer ao Wacken Metal Battle, em Minas Gerais. Sacrificed faz um som empolgante, com presença de palco bacana, mas o vocal não é tão bom ao vivo, mas ainda assim muito potente e encaixado.
E finalmente, Shadowside dominando o palco principal! Dona de uma das melhores vozes femininas do Brasil, Dani Nolden empolgou o público ali presente (que a essa altura já tinha diminuído, afinal a grande maioria era formada por pivetes que só foram para ver o Fake Number...)
O show foi impecável, a galera agitou bastante, mas acredito que, como headliner, o Shadowside merecia mais destaque e um tempo maior de palco. Os fãs de Heavy Metal, fiéis, firmes e fortes voltaram para casa (ou foram para o bar!) com um sorriso de orelha a orelha após essa brilhante e profissional apresentação do Shadowside.
Outro ponto também a ser “reclamado” foi a coletiva de imprensa que a banda deu horas antes do show. Por problemas de organização a coletiva começou bem depois do horário marcado e ainda por cima foi extremamente rápida.
Uma das bandas do festival, a Belle, chegou com horas de atraso devido a um imprevisto e ainda assim exigiu tocar no evento. Queriam tocar no lugar do Shadowside de qualquer jeito, mas a organização ainda foi boazinha demais com eles deixando-os tocar, porém depois do Shadowside e pra meia dúzia de gatos pingados. Bem feito!
Essa nós nem nos demos ao trabalho de assistir, até mesmo porque a van que levou os jornalistas até o evento já estava de partida, afinal, pontualidade é sinônimo de profissionalismo, certo?
E para concluir, dou nota 8,0 para o festival. Foi bem organizado, bem estruturado e claro que, como todo evento que cresce a cada ano, o festival teve algumas falhas como a ausência de banheiros e principalmente de água e papel nos poucos que vimos; problemas relacionados aos bastidores que só nós ali da área de imprensa presenciamos, mas que poderiam ser evitados para as próximas edições...
Mas no geral o evento foi muito bom e merece os meus parabéns pela iniciativa e pelo espaço dado a todas as bandas e, principalmente, a nós mulheres! Que continuemos conquistando cada vez mais espaço tanto dentro quanto fora do Rock'n Roll!
Parabéns a todas nós!
E que venha o Rock Feminino 2011!
Mais links sobre o Festival Rock Feminino 2009:
http://www.rockfeminino.org/
http://rockfeminino.wordpress.com/
http://territorio.terra.com.br/galeria/?c=384
http://territorio.terra.com.br/shows/?c=887
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