| ||
TGZ: É uma honra ter o Taurus em nossas páginas, sejam bem vindos!!! Bem, pra começar, fale como foi formar uma banda de Metal no início dos anos oitenta no Brasil? | ||
Sérgio Bezz - Para nós foi muito natural, já que éramos amigos e escutávamos juntos o que havia na época de Metal. Os ensaios foram em grande freqüência, o que acho, nos deu uma pegada forte para época, e nos levou rapidamente ao circuito de shows e gravações. Sabemos que não havia divulgação ampla do estilo como hoje, mas o pouco que havia nos apoiava bastante, e nos deu chance de circular pelo país. Cláudio Bezz - Aliás, quero dizer que a força que sempre tivemos dos "fanzines" da época, foi fator primordial para que tivéssemos alguma divulgação... Hoje, os webzines fazem esse papel... Espero sempre tê-los ao nosso lado | ||
TGZ: Vocês lançaram duas demos uma em 85 e outra em 86, para no mesmo ano lançar o clássico debut full-length “Signo de Taurus”, qual foi a repercussão na época aqui no Brasil e fora com esse lançamento? | ||
Sérgio Bezz - Foi grande, inesperada. O impacto no Brasil foi evidente para nós, recebíamos de todos os cantos notícias disso. No exterior foi mais tímida. A língua certamente dificultava a entrada. Ainda assim em alguns países era bem recebido. Beto de Gasperis - Qualquer um que gostasse de Metal naquela época ficaria sabendo da existência do Taurus a partir do lançamento do "Signo". Até hoje é possível encontrar referências a ele em sites de países como Alemanha, Holanda, Colômbia, Estados Unidos e Itália. Pena eu não fazer parte da construção deste disco. Cláudio Bezz - Deixamos de lançar o disco na Alemanha por causa da língua. Hoje, tenho certeza que seria ao contrário. | ||
TGZ: Na época havia uma resistência em se lançar na Europa e Estados Unidos bandas de Metal que não cantassem em inglês, esse foi o motivo para o segundo álbum “Trapped in Lies” adotasse o inglês para suas letras? | ||
Sérgio Bezz - Foi. Queríamos experimentar compor em inglês, e tínhamos muita expectativa de ter o disco lançado fora do país, o que acabou não se concretizando. Na época as oportunidades eram bem escassas para isso. Mesmo assim valeu a pena. Cláudio Bezz - Como já falei, não conseguimos lançar o "Signo" no exterior por causa da língua. Acho natural que nós mudássemos as letras para o inglês. O "domínio" da língua inglesa, no Rock, se dava em todo o planeta. Hoje não é bem assim, mas realmente, a sonoridade original é o inglês, apesar de reconhecer o "sotaque" no rock (em geral) brasileiro! A nossa intenção era poder chegar a muitos lugares onde não tínhamos como chegar, a não ser com a ajuda do Inglês! Beto de Gasperis - Vide várias bandas do Brasil e de outros países também que conseguiram "furar" o bloqueio que os países de língua inglesa impõem. | ||
TGZ: Fora o idioma não vejo lá tanta diferença do segundo álbum “Trapped...” pro debut, claro que a pegada está mais coesa, mas enfim, o segundo disco agradou a banda e aos admiradores do Taurus na época? Há um cover pra “Communication Breakdown” do Led Zeppelin, qual foi a idéia de incluir esse cover no álbum? | ||
Sérgio Bezz - Da mesma forma que no primeiro disco as críticas foram muito boas. Acho que havia no “Trapped...” a marca de uma evolução musical da banda. Estávamos tocando melhor, os instrumentos eram melhores, e queríamos trabalhar variações rítmicas que englobassem levadas mais lentas, e letras mais trabalhadas, com mensagens mais globais e menos ideológicas como no primeiro. Cláudio Bezz - Vejo diferenças sim... O "Signo" é o resultado de toda a nossa estória, nossas referências, instintos, etc... Já o "Trapped" vem de uma vivência totalmente inédita pra nós, que foram as viagens, shows, e a maneira como compusemos o álbum. Estávamos mais maduros e conseguimos fazer isso transparecer. A inclusão da versão do Led veio, justamente, para marcar essa nova fase... Sem amadorismos. Pensamos numa banda que tivesse o espírito que procurávamos como "guia", e o Led Zep é tudo isso... Beto de Gasperis - Acho que o "Trapped" mostra um amadurecimento da banda. O disco foi mais bem gravado do que o "Signo" e apresentam arranjos mais sofisticados e executados com perfeição pelos integrantes, todos excelentes músicos. Só lamento mais uma vez não fazer deste processo. Tô ficando meio deprimido... Sérgio Bezz - A idéia do cover veio na esteira do que estávamos ouvindo e ligados na época. Led Zepellin é até hoje uma referência preciosa para nós. Cláudio Bezz - Estávamos a "mil", pois acabávamos de sair da tour do "Signo", e estávamos muito, muito empolgados com o novo disco, “Trapped in Lies”. | ||
TGZ: Aí no finalzinho dos anos oitenta, mais precisamente em 1989 veio o último álbum “Pornography”, após esse lançamento houve uma “parada”, certo? O que houve na época? O álbum na agradou a vocês? | ||
Sérgio Bezz - Algum tempo depois do lançamento, após alguns shows, houve uma desmobilização da banda. Havia muita expectativa após o lançamento do disco. Esperávamos coisas que não aconteceram, e isso naturalmente nos levou a outros interesses, até o ponto em que não nos reuníamos mais. Curioso que em nenhum momento decretamos o final da banda. Simplesmente paramos de tocar juntos. Cláudio Bezz - Não foi isso. O “Pornography” é o nosso álbum mais introspectivo (em todos os sentidos). Letras e sonoridade! Acho um disco razoável, pois sou muito perfeccionista. Lembro de tudo que rolou (coisas boas e ruins) na gravação do disco. Mas a cena Metal de então estava se deteriorando. Os espaços pra shows eram cada vez mais escassos, a economia do país era uma catástrofe, as lojas especializadas fechando (vide a Point Rock)... E tudo isso não poderia deixar de nos influenciar. A quantidade de "roubadas" eram cada vez maiores... Foi um caminho natural nos separarmos. Cada um seguiu seu caminho e sempre estivemos próximos! Sérgio Bezz - Em relação ao disco. Sim, ele refletiu o caminho que escolhemos trilhar naquele momento. Um som com elementos do punk e hardcore, mantendo a característica anterior. Cláudio Bezz - Como meu irmão disse, nunca decretamos o fim da banda! Simplesmente paramos de ensaiar... | ||
TGZ: É, mas os deuses do Metal não deixariam uma lenda simplesmente sair de cena! E vocês estão de volta! Como foi a volta? De quem partiu a idéia? E aproveite para nos apresentar a formação atual do Taurus: | ||
Sérgio Bezz - A volta está sendo. Estamos nos primeiros passos, e não sabemos como vamos caminhar. Inicialmente a idéia era de nos reunirmos para um show, que ainda não aconteceu. O que está havendo é que ao souberem disso, estão nos fazendo propostas para apresentações em algumas cidades. O que estamos recebendo com a maior atenção e interesse. Cláudio Bezz - A formação atual é: Jeziel (guitarra/voz), Sérgio Bezz (bateria), eu mesmo (Cláudio Bezz - Guitarra) e o Beto de Gásperis no Baixo. O Beto chegou para fazer muita diferença! Ele tem o clima e o espírito que procurávamos, além de ser um super baixista! Acabamos de relançar o "Signo" em versão re-masterizada e começamos a receber muitas mensagens nos parabenizando pelo relançamento. Ficamos muito felizes com isso. Pensamos em fazer um único show, para comemorarmos esses 20 anos, mas as coisas acabaram nos levando a uma estória que não sabemos como vai ser... Estamos vivendo uma coisa de cada vez... Primeiro os shows que virão depois os outros relançamentos, e ai veremos o que vai ser... Acho que a estrada que iremos percorrer será ótima, e faremos tudo para que tenhamos uma continuação de "responsa"... É o que penso! Beto de Gasperis - Acho que o "renascimento" do Taurus se deu através do lançamento da edição comemorativa de 20 anos do "Signo". De uma hora para outra a gente se deu conta da importância da banda para as nossas vidas. E ainda bem que eu estava por perto quando eles decidiram retomar as atividades... | ||
TGZ: Este show será no final desse mês de abril com o Testament no Rio de Janeiro, certo? Como está a expectativa pra esse show? | ||
Beto de Gasperis - A melhor possível. Os ensaios têm sido ótimos, cheios de energia e com um volume beirando o insuportável. Cláudio Bezz - A maior possível. É uma honra e um prazer poder dividir o palco com uma banda que respeitamos tanto! Além de ser a nossa volta oficial aos palcos! Beto de Gasperis - Vai ser um batismo de fogo pisar no Canecão e abrir para uma banda mundialmente conhecida. Cláudio Bezz - a data é 27/04... O Taurus está de volta !!!! Beto de Gasperis - We´re Taurus and we´re back!!! Cláudio Bezz - Yeah!!! | ||
TGZ: Vejo que vocês estão ansiosos, mas não poderia ser pra menos, afinal são 20 anos hein? E tocando ao lado de uma banda ducaralho que é o Testament, mas de agora em diante vocês pretendem viajar novamente pelo Brasil, lançar álbum novo, quais planos estão traçando de imediato? | ||
Cláudio Bezz - Como disse, estamos andando passo a passo. Primeiro os relançamentos de toda nossa discografia (o “Trapped in Lies” deverá estar pronto em Julho), talvez um dvd no final do ano, e disco novo (...) só ano que vem! Isso se agüentarmos ficar sem gravar alguma coisa! (risos) Beto de Gasperis - Acho que vamos fazer coisas por partes. Queremos muito fazer shows pelo país, testar o público antigo e novo, testar novas músicas e preparar um novo disco para 2008. Precisamos saber se ainda nos amam... Cláudio Bezz - E os shows estão começando a pintar. Estamos recebendo muitas propostas e, se tudo der certo, estaremos tocando por todo o Brasil em breve. | ||
TGZ: Vocês já estão com composições novas? Estão na linha do “Trapped Lies”? | ||
Cláudio Bezz - Isso vem com o tempo, com as novas experiências, e as viagens! Vamos abrir a caixa de surpresas mais tarde! Beto de Gasperis - Confidencial, por enquanto... | ||
TGZ: Ok, na época em que vocês começaram o Metal brasileiro vivia uma época de descobertas, com uma cena em formação, mas muitos dizem ter sido a melhor época, como vocês viveram ambas as épocas o que tem de melhor e pior em cada uma? Se vocês pudessem viajar no tempo que trariam de volta pra atualidade dos anos oitenta e o que levariam pros anos oitenta de agora? | ||
Beto de Gasperis - Acho que foi uma época boa, pois tudo era novo para nós que éramos adolescentes e fãs de Heavy Metal. A principal diferença para hoje é que existe uma massificação não só do Heavy, como de qualquer outro gênero musical. Existem zilhões de bandas e, separar os trabalhos legais e criativos dos nem tanto é um pouco cansativo. Mas sempre existiram ótimas bandas em qualquer época e sempre vão existir. Cláudio Bezz - Difícil... Não gosto de brincar com o tempo. Cada coisa foi boa e ruim, no seu próprio tempo! Acho que uma característica dos anos 80 era a lentidão em que as coisas aconteciam. Hoje, com certeza, a internet é a maior diferença e maior catalisadora de novidades, informações, A lentidão é um pouco "romântica", e tendemos a nos lembrar somente dos bons momentos. Agora estamos em busca de novos espaços virtuais, que trazem coisas boas e ruins também. O importante é estarmos sempre ligado e com as antenas bem apontadas... E isso nunca nos faltou! (rindo) É meio que viver na selva, mas com um computador e banda larga... | ||
TGZ: Eeehehehe, concerteza!! Bem o papo está ótimo, mas infelizmente está chegando ao fim! Agradeço pela atenção e aproveito para desejar muita sorte ao Taurus pela extraordinária banda que é! O espaço abaixo é de vocês, finalizem deixando uma mensagem para os leitores do ThunderGod Zine e pros apreciadores e seguidores do Taurus: | ||
Cláudio Bezz - Em primeiro lugar, muito obrigado a você Elimar e ao ThunderGod Zine (o site é ótimo). Não vemos a hora de voltar a fazer shows pelo país e deixarmos todo mundo surdo. Taurus 2007 - melhor, mais forte e mais rápido! Beto de Gasperis - E em segundo lugar, obrigado aos fãs, os verdadeiros culpados por esse renascimento do Taurus! Cláudio Bezz - Agradeço a todos pela força que tem nos dado, e especialmente a você, Elimar, por sua atenção e apoio! Muita força para o Zine ThunderGod e que possamos nos encontrar em breve em um de nossos shows! O Taurus está de volta de verdade! A todos que enviaram mensagens... Isso é pra vocês! |
Rádio a Ferro e Fogo Online
10.5.10
TÚNEL DO TEMPO.VALE A PENA CONFERIR
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário