1- Primeiramente, muito obrigado por ter aceito esta entrevista para o A Ferro & Fogo.
A.M.: Eu é que te agradeço em nome de todos do Mordeth.
2- Depois do cd Animicide vocês resolveram parar com a banda. O que levou vocês a tomarem esta atitude?
A.M.: Só posso falar por mim. Creio que 2 aspectos contribuíram para meu desinteresse em continuar na banda. Eu era jovem e a expectativa de garantir minha subsistência pela música – a NOSSA música, quero deixar bem claro - era muito grande naquela época. Veja, eu me juntei a Vlad e Tamir com 17 anos de idade. Vivíamos intensamente aquele estilo de vida e ainda mais intensamente o ideal de ver o Mordeth acontecer. Aos 23 anos eu me senti frustrado. Eu sentia que não “decolaríamos”, ou seja, permaneceríamos juntando dinheiro para gravar mais um trabalho, tocando aqui e acolá... e assim por diante. Mas o fundamental é que eu me cansei do nosso som. Tinha a impressão de que estávamos aquém de nossas bandas de referência e perdendo o bonde da História ao ouvir bandas que surgiam até então como Nevermore, Machine Head e os trabalhos mais novos do Forbidden. Infelizmente, essa minha avaliação estava imbuída de toda aquela frustração que mencionei no início e não fazia justiça a nossos discos dos anos 90. No entanto, quero frisar bem, por outro lado achei muito salutar os 10 anos de “geladeira”, pois voltamos mais amadurecidos enquanto músicos e indivíduos.
3- O que os membros fizeram nesse tempo todo com a banda parada?
A.M.: Por um breve período eu arrisquei colocar em andamento um novo projeto musical, mas jamais consegui me cercar de músicos comprometidos. Frustrado (mais uma vez!) com essa situação, decidi por terminar o curso de Psicologia, o qual eu vinha arrastando há anos, e, após isso, engatei o mestrado em Filosofia, o qual conclui em 2004. Tamir foi tocar baixo com o pessoal do Profane Creation e ao mesmo tempo se dedicava a seu selo especializado
4- Você acha que faltou um apoio melhor na época para se manterem no mercado?
A.M.: As coisas eram muito, mas muito diferentes de hoje
5- A imprensa da capital dá pouco valor às bandas do interior de São Paulo?
A.M.: Não tenho queixas quanto à imprensa da capital. César Nemitz e a revista Metal Head nos davam espaço na mídia e todos os nossos trabalhos daquela época tiveram visibilidade nos órgãos de imprensa que existiam em meados dos anos 90 – que não eram muitos, você sabe.
6- Agora depois de 10 anos a banda resolve voltar. O que levou a tomarem essa atitude?
A.M.: Partilhei isso com pouquíssimas pessoas. Meses antes de Vlad me procurar e insinuar ou sugerir algo do tipo de um retorno, eu vinha sonhando intermitentemente que eu estava tocando guitarra. Por causa desses sonhos, passei a ouvir nossos trabalhos e apreciá-los de uma perspectiva bem diferente daquela de 1997, quando me sentia enfastiado de tudo. Descobri que criamos grandes sons juntos e se existem passagens que hoje para mim não fazem mais sentido... o que fazer? Estávamos nos anos 90 e nossas referências musicais ditavam músicas com estruturas complexas. O mesmo vale para a produção dos álbuns. Não tínhamos muito dinheiro e os estúdios de gravação estavam longe da sofisticação de agora. Assim, creio que no final de 2007, Vlad entrou em contato comigo. Quis saber o que eu achava de reunir a velha formação para um show apenas. Gostei da idéias, embora ainda houvesse resistência da minha parte. “Mas só UM, né?”. Mas eu precisava descobrir se eu ainda conseguiria tocar, pois não pegava na guitarra desde 2000. Eram 7 anos sem tocar! Fui até a casa do Vlad, pluguei o instrumento e saí tocando, mandando riffs das velhas músicas. Todos aqueles anos de ensaios e estudos intensos serviram para alguma coisa, afinal. Logo eu senti que não ficaríamos de modo algum limitados a tão-somente um show. Eu sabia que não demoraria nada para voltarmos a compor e voltar com tudo. O concerto da volta se deu em 9/08/2008 no Overnight Bar, junto com Gammoth e Sacristia, outra banda de nossa época que também retomava suas atividades. Enfim, voltei com o Mordeth pela nossa história, objetivos em comum e amizade.
7- Como vocês chegaram ao contato com a gravadora da Nova Zelândia?
A.M.: Essa história é a menos interessante. O proprietário da Satanica, na Nova Zelândia, já nos conhecia “das antigas”. Ao saber de nossa volta, mostrou interesse em nos lançar. Mas o incidente mais legal foi com a Fall of Eden, que está distribuindo Robotic Dreams na Inglaterra. Nosso Myspace havia acabado de ser reformado, de modo que estivesse em sintonia com a arte da capa do Cd. Esse tal de David McColl nos convidou para participar de uma coletânea que ele estava prestes a lançar. Consentimos. No entanto, Tamir disse que tínhamos acabado de gravar um Ep com 4 músicas e perguntou se ele não gostaria de aproveitar e nos lançar e distribuir no Reino Unido. McColl sequer ouviu o som, mas se encantou com a capa. No fim, deu um tiro no escuro e aquiesceu com a proposta do Tamir. Cara, quando mandamos uma música – “H-tedrom” -, o escocês “pirou”. E ficou ainda mais alucinado quando mandamos o restante do Cd para ele. De fato, vivemos em um mundo onde a imagem predomina sobre qualquer outra coisa.
8- Robotic Dreams é o trabalho com a melhor produção da banda até hoje. Vocês estão satisfeitos?
A.M.: Sim. Satisfeitos com a produção, e, sobretudo, satisfeitos com as composições de Robotic Dreams. Ao fim da gravação, tínhamos a plena certeza de que havíamos gravado um álbum de verdade. É como se tivéssemos acertado as contas com nosso passado.
9- Como foi ter a produção toda feita no Mr. Som com Heros Trench e Marcelo Pompeu?
A.M.: Muito profissional. Pompeu é um produtor exigente e um dos mais realistas. Ele espera e captura sua melhor performance e não se rende aos devaneios do músico diante das possibilidades tecnológicas à mão, as quais dão vazão a experimentações por vezes desnecessárias ou então que são impossíveis no tempo disponível. O trabalho terá começo, meio e fim dentro do prazo de tempo combinado. E Heros é competentíssimo, além de ser um camarada muito bacana. Aprendemos muita coisa com esses dois.
10- Quais são as expectativas para este disco? Vai sair no Brasil?
A.M.: Divulgar o nome Mordeth ao máximo possível, realmente tornar nossa proposta musical mundialmente conhecida. È claro que gostaríamos muito que Robotic Dreams fosse lançado no Brasil. A princípio cogitamos isso. Antes mesmo da gravação, conversamos com o Wilton da Heavy Metal Rock, tanto para sondar seu interesse em voltar a trabalhar conosco quanto para ouvir a opinião de alguém experiente, ou seja, valeria a pena bancarmos o lançamento do Cd por nossa própria conta e risco? Logo vimos que os custos seriam exorbitantes. Optamos por gravar o Cd e conseguir gente que tivesse interesse em distribuí-lo onde quer que fosse. Assim, houve as propostas da Satanica e depois da Fall of Éden. A Pest Records, na Romênia, é outro selo que se prontificou em lançá-lo, porém, o contato com eles se perdeu. Mandamos o material e o mesmo retornou. Agora recentemente a Set Productions está lançando Robotic Dreams no Egito com um diferencial: o bônus track “Friends”, cover que gravamos do Led Zeppelin para uma coletânea tributo a sair no México. Mas estamos abertos a negociações com selos brasileiros, sim.
11- Qual equipamento você usou na gravação de Robotic Dreams?
A.M.: A velha Flying V King feita sob encomenda pelo luthier Rony de Americana e uma Les Paul da Epiphone. Tudo isso ligado à pedaleira POD XT Live da Line 6 e a um cabeçote Peavey 5150 valvulado.
12- O que te levou a querer ser um guitarrista e quais são suas influências?
A.M.: Comecei a ter aulas aos 13 anos de idade. Mas o desejo de montar uma banda de som pesado remonta aos 11. Sendo assim, me tornar um guitarrista significava: “destruir o sistema”, ou seja, ir à contramão da autoridade familiar e escolar; não se deixar absorver no futuro pelo mercado de trabalho convencional que essas instituições planejavam para mim. Ao menos era o que minha cabecinha recém-chegada na adolescência pensava. Rebeldia em estado puro, mas sem muita consistência teórica compreensível quando se tem somente 13 ou 14 anos de idade. Quanto às influências, quero esclarecer que há os músicos que me influenciam diretamente e aqueles que tenho admiração incondicional, os quais não transparecem na música que faço – como Andy Gill do Gang of Four ou Johnny Maar dos Smiths. Assim, Jimmy Page exerceu e ainda exerce forte influência
13- Eu sei que você é um grande fã de hard rock e heavy metal. Como você viu a morte de DIO?
A.M.: Senti duas coisas: tristeza e espanto! Sempre achei que Dio viveria uns 100 anos. Você sabe que ele é um dos meus vocalistas preferidos. Ele aliava uma técnica vocal refinada com uma marca tão única quanto uma impressão digital. Dio faz parte daquela estirpe de vocalistas inimitáveis. Pegue por exemplo “If You Don’t Like Rock ‘n Roll” do primeiro álbum do Rainbow. Uma canção bobinha, com uma base bem tradicional. Dio imprime uma melodia em cima que não é deste mundo. Mesmo quando cantava um rock tradicional a coisa soava diferente. Bom, se vai o homem, mas fica a obra – que é vasta. Gravou os melhores discos do Rainbow; cumpriu a ingrata tarefa de substituir Ozzy Osbourne no Black Sabbath, estabelecendo um marco histórico na banda – é comum a gente ouvir alguém dizer “Eu só gosto de Sabbath com o Dio”. Além disso, teve carreira solo bem sucedida. Eu aprecio em particular os 2 primeiros com Vivian Campbell na guitarra e gosto muito dos 2 primeiros com o guitarrista Tracey G – “Strange Highways” e “Angry Machines”.
14- O que você tem ouvido ultimamente?
A.M.: Garanto que pouca coisa nova. Costumo voltar às bandas que sempre gostei ou fazer “garimpagem”, descobrindo coisas que eu nunca tinha ouvido falar ou que eu jamais ouviria quando mais jovem.
15- Como esta o trabalho de divulgação do Robotic Dreams?
A.M.:
16- Por onde vocês já tocaram depois que o cd saiu?
A.M.: A tour de divulgação ainda está
17- Vocês estão satisfeitos com o trabalho da gravadora?
A.M.: A Fall of Eden tem trabalhado satisfatoriamente conosco. Inclusive esse selo está se empenhando em distribuir - espero que em breve - o Robotic Dreams nos Estados Unidos. Mas temos feito também a nossa parte. Basta checar: http://h-tedrom.blogspot.com/ e http://www.myspace.com/mordeth2008.
18- Bem, muito obrigado pela entrevista. Deixe seu recado para os amigos do A Ferro & Fogo e para os fãs do Mordeth.
A.M.: Mais uma vez agradeço a vocês do A Ferro & Fogo pelo canal de expressão. Aos fãs e interessados em nossa música, convido que visitem nossos sites e nos venham conferir ao vivo. É isso aí.
2 comentários:
Muito boa a entrevista Deeemon, mandou bem mesmo. Isso ae... na próxima quero entrevista com George Lynch. Abraços!!
george lynch?? aqui só rola bandas do brasil meu amigo guguhard.bem que eu gostaria de fazer uma com o george lynch.afinal eu amo DOKKEN.abraços grande brother.DEEMON.
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