São Paulo tem, há mais de três décadas, movimento de rock pesado, que é tido como o mais forte do país, com bandas que se destacam no cenário internacional. Mas, mesmo assim, o estilo ainda sofre com problemas, como falta de apoio do público
Os primeiros registros do heavy metal paulista remetem às bandas Karisma, Virus, Anthares e Viper. Também data desse período uma espécie de "marco zero" do metal em São Paulo: a coletânea "SP Metal", lançada em dois volumes, entre 1984 e 1985, por meio do selo/loja "Baratos e Afins". O projeto deu oportunidade a bandas paulistas de mostrarem seu recado. O primeiro LP trazia as bandas Vírus, Salário Mínimo, Avenger e Centúrias. O segundo, Korzus, Abutre, Performances e Santuário.
Ricardo Batalha, editor da revista de heavy metal "Roadie Crew", compara a época do "SP Metal" à atual: "Havia shows em teatros, escolas, parques. Onde conseguiam espaço, tocavam! As diferenças eram que as bandas cantavam em português e não havia preocupação em fazer sucesso no exterior". Para Wilson Braga, que trabalhou como técnico de iluminação e de palco de bandas como Angra e Torture Squad durante anos, a década de 80 tinha ainda outro ponto forte: o público. "Era muito, mas muito fiel mesmo, sempre comparecendo aos shows."
Ganhar repercussão não é tarefa fácil para as bandas paulistas atuais que, quase como uma regra, precisam passar pela capital. "São Paulo é o centro econômico do país, além de ser um forte ponto cultural, gerador de tendências. Tecnicamente, as maiores oportunidades estão aqui", opina João Gobo, baterista das Imperium Infernale e Darkness In Flames, e redator da revista "Rock Brigade". Além da mudança de cidade, as bandas paulistas ainda enfrentam a falta de circuito organizado e têm de disputar o público com shows internacionais.
"Uma das maiores deficiências é que, por mais que goste das bandas locais, o público não vai aos shows, mesmo com ingressos baratos. Só que paga entre R$ 70 e R$ 600 para assistir a apresentações internacionais", diz Diego Nogueira, baixista da Blasthrash e atual vocalista da Anthares.
O estilo ainda sofre com problemas em todo circuito nacional. "As deficiências são as mesmas em todo Brasil. Falta de espaço, falta de estrutura e falta apoio", disse Daniel Bonfogo, baixista da Claustrofobia.
Algumas de nossas pérolas:
VULCANO
Uma de nossas bandas mais antigas na ativa, o Vulcano é uma verdadeira lenda do Metal nacional. Formada em Santos, no ano de 1981, o Vulcano foi uma das primeiras bandas brasileiras a praticar a fusão Black/Death Metal, a mais agressiva do Heavy Metal e de conteúdo lírico anti-religioso.
http://www.myspace.com/vulcanobrazil
KORZUS
Formada em 1983, é uma das mais respeitadas da cena paulista e um forte nome que representa o heavy metal brasileiro. Seu Thrash Metal é bastante técnico e segue as bandas mais tradicionais do estilo, mas sempre com produções atuais. São sete álbuns de estúdio, além materiais ao vivo e a participação na coletânea "SP Metal".
http://www.myspace.com/korzus
TORTURE SQUAD
O quarteto da capital pratica um thrash/death metal com bastante técnica e variações vocais, que vão desde os cavernosos guturais a trechos rasgados. Formada em 1993, lançou no ano passado seu sexto disco de inéditas. O CD "AEquilibrium" é o segundo álbum da banda lançado no mercado europeu.
http://www.myspace.com/torturesquadband
CLAUSTROFOBIA
Formada na cidade de Leme, em 1994, o Claustrofobia faz um
trash metal que passeia por trechos de death metal, hardcore e passagens com influência da música brasileira. Com quatro álbuns lançados, a banda tem um CD no mercado europeu chamado "I See Red". A banda promete um novo álbum em 2011 todo em português.
http://www.myspace.com/claustrofobia
ANGRA
A banda Angra é o nome mais conhecido no cenário metal mundo afora. Formada em 1991, teve uma origem diferente da usual união de amigos. Como um técnico de futebol, o empresário Antonio Pirani escalou músicos para fazer parte de uma banda com estilo musical pré-definido. O chamado heavy melódico.
http://www.myspace.com/angraofficial
Opinião
Ricardo Batalha, 41, editor-chefe da revista Roadie Crew
O sinal vermelho está bem aceso
Não é de hoje que o sinal vermelho está aceso. A coisa piora quando a palavra mais dita por músicos, empresários e todos que de alguma forma trabalham, ou tentam trabalhar, com Heavy Metal é "difícil". Quem tenta fazer valer o velho princípio 'Do it yourself' ('faça você mesmo'), geralmente se decepciona. A empolgação inicial dá lugar a um tom de melancolia, com um sentimento de derrota, que geralmente acomete quem não consegue atingir seus objetivos por completo. Com isso, alguns abandonam o barco e outros seguem insistindo.
Fórmula mágica para solucionar os problemas inexiste, mas quem analisa friamente algumas ações sente que, na grande maioria dos casos, o trabalho é ineficaz e incompleto. Uma banda ensaia regularmente, grava seu disco com uma produção de alto nível e lança o material no mercado. Depois, o dinheiro acaba e não há promoção. Munido do material em mãos, esta banda sai em busca de shows, mas as casas que abrigam o Heavy Metal não agendam uma data porque simplesmente nunca ouviram falar dela. No entanto, se faltam espaços para grupos autorais, o mesmo não ocorre com as bandas cover. Só que o público está aí para ser conquistado e há movimentação financeira no segmento. Portanto, ao invés de alimentar a disputa, a união de forças seria bem mais interessante pois, se as autorais tocassem em todos os lugares onde se apresentam as bandas-cover, a "cena" aumentaria.
Conhecer os anseios dos fãs é primordial. Em Fortaleza (CE), a Associação Cultural Cearense de Rock organiza debates, workshops e festivais bem produzidos e com grande participação de público. Em São Paulo , debates e palestras entre músicos, empresários e público são escassos ou inexistentes. Portanto, lembre-se: uma coisa leva à outra e sem um planejamento completo as ações não dão resultado.
Algumas promessas do heavy metal paulistaNomes como Hellish War, Blasthrash, Infamous Glory, Chaosfear ou Amazarak podem ser tidos como algumas promessas de nossa cena Metal, seja por suas qualidades musicais, renome entre os seguidores do estilo ou pela simples perseverança.
Na ativa desde 1995, o Hellish War resgata uma sonoridade mais tradicional dos anos 80 incorporada ao seu Power Metal. Seu primeiro álbum foi lançado somente em 2001, mas a banda já conseguiu shows no exterior após o lançamento de seu segundo álbum, 'Heroes of Tomorrow', de 2008.
Já o Blasthrash foi formado em 1998, resgatando a sonoridade dos anos 80 praticada por bandas como Kreator, Destruction e Nuclear Assault. Seu primeiro álbum, 'Beer and Mosh', foi lançado por um selo de Osasco responsável por investir em ótimos nomes paulistas na época, como Dying Embrace, Eternal Malediction e Kremate. Após algumas mudanças de formação e troca de gravadora, a banda lançou o cd 'Violence Just for Fun' em 2009.
O Infamous Glory data de 1999, e após lançar diversos materiais demo e o EP, 'Order of Doom', a banda conseguiu no ano passado lseu primeiro álbum, 'Deathstrike Revenge'. Sua música resgata o Death Metal dos anos 90.
Também criado em 99', o Chaosfear é mais um representante do estilo mais praticado em São Paulo, o Thrash Metal. Com influência de nomes como Slayer e Exodus, o Chaosfear já lançou dois álbuns: 'One Step Behind Anger' (2006) e 'Image of Disorder', de 2009.
Formado em 1997 o Amazarak toca o estilo conhecido como Black Metal. Este estilo é um dos mais radicais dentro do metal por seu contexto anti-religioso. A banda lançou seu primeiro álbum 'Ascensão do Anticristo' em 2010 com som e produção com nítidas influências das bandas oitentistas do estilo
Essas bandas são apenas alguns exemplos entre dezenas de um movimento que apesar dos problemas, segue vivo em São Paulo.
Myspace das bandas:
Hellish War
http://www.myspace.com/warhellishwar
Blasthrash
http://www.myspace.com/blasthrash
Infamous Glory
http://www.myspace.com/infamousglory
Chaosfear
http://www.myspace.com/chaosfear
Amazarak
http://www.myspace.com/amazarakbr
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