Entrevista com SANTUÁRIO
por Bob Riot - 01/11/2009
Fotos: Divulgação
STRYKE: Como o pessoal recebeu a notícia da possibilidade de tocarem juntos de novo, após muitos anos, para o documentário Brasil Heavy Metal?
JÚLIO: Foi muito bom, mantivemos um bom relacionamento durante esses anos então foi só combinar...
ALESSANDRO: Com muita ansiedade.
STRYKE: Vocês se lembram quando tocaram pela última vez? Como foi o entrosamento do grupo nos primeiros ensaios para a gravação do disco com várias bandas, que será lançado com o documentário, e o que o pessoal sentiu neste reencontro?
JÚLIO: Não lembro a última vez, tive que parar antes deles... Foi interessante, pois a coisa tá lá, foi só lembrarmos as músicas que elas começaram a fluir, pois apesar dos anos, ensaiavamos todos os dias e sempre fica um pouco do entrosamento!!!!! Mais velhos e enferrujados!!!!!! kkkkkkkkkkk
ALESSANDRO: Foi final de janeiro ou início de fevereiro de 1986. Lógico que após tantos anos sofremos um pouquinho, mas foi muito gratificante e rolou muita energia.
STRYKE: O Santuário é uma lenda do Metal Nacional, assim como outras bandas dos anos 80 que não chegaram a gravar um disco (na época o antigo long play ou LP). Fale-nos das dificuldades do início do heavy metal no Brasil e sua comparação com nossa atualidade.
JÚLIO: Ah, era um tiro no escuro!!!! Não tinhamos uma referência, um espelho, uma banda que fizesse Rock e pudessemos assistir, e além dos LPS lançados no Brasil e das poucas revistas, mais nada... A dificuldade com equipamentos então era monstruosa, não havia nada, fazer um som pesado era na raça, para fazer uma idéia chegamos a fazer pedal distortion nos mesmos (através de revistas de eletrônica e ninguém sabia eletrônica), imagina, era pura vontade!!!! Por exemplo, quem você acha que o Steve Harris, Joe Elliot, o pessoal todo da NWOBHM, assistiam, simplesmente UFO/SABBATH/JUDAS PRIEST/PURPLE/ZEPPELIN, tudo ali no quintal de casa, fora a tecnologia de ponta... Hoje você tem a informação instantânea, equipamentos de ponta, escolas de música, vídeos... Imagina, quando ouvi Judas Priest pela primeira vez, já era o Sin After Sin, que saiu nacional e nem fotos tinha. Só quando descobri as galerias em SP que o mundo foi se abrindo para todos nós, era foda!! Hoje você grava em casa!!!!
ALESSANDRO: Tinhamos muitas dificuldades com equipamento, local de ensaio e para apresentações, era difícil estabelecer parâmetros, pois só tinhamos os discos, muitas vezes importados e raramente um vídeo aqui e outro lá, hoje o computador facilitou esses parâmetros, os equipamentos são muito melhores e acessíveis estúdios para ensaios, o que continua ruim são locais para apresentações.
STRYKE: Júlio, você saiu precocemente do grupo, por problemas médicos. Como você está se sentindo e como foi voltar a cantar com o grupo?
JÚLIO: Muito bem, cantar com eles é como estar em casa, éramos bem unidos e responsáveis com a banda. Foi como antes, só uns vinte e poucos anos depois... kkkkkk
ALESSANDRO: Essa eu quero responder, FOI MUITO LEGAL.
STRYKE: Micka, Ale e Rato são bem rodados no meio musical, tendo participado de outras bandas, depois do fim do Santuário. Isto deu um upgrade na sonoridade do grupo atualmente?
JÚLIO: Poderia ter dado,usamos hoje equipamentos de ponta, a qualidade é ótima, mas a idéia do projeto, era manter o som original daquela época, poderiamos ter feito até música nova, mas não soaria como aquele tempo, e olha, ouvindo o material, foi uma pena não termos gravado mais coisas...
ALESSANDRO: Lógico, mas tentamos manter o mesmo clima da época.
STRYKE: Quais as músicas escolhidas para serem gravadas no disco? O lançamento ainda está distante, mas já está dando um friozinho na barriga pensando em subir no palco novamente? Como vocês imaginam que serão recebidos pelos bangers atuais?
JÚLIO: Foi um pouco difícil, pois era uma música só, e esse material de 85/86 estava coeso, muito bem ensaiado, por exemplo músicas em duas partes, uma continuação da outra (Império Romano I e Império Romano II) que ficaram entre as escolhidas, mas gravamos uma em que talvez traduza esse espírito, chama-se OS 7 CLARINS. O projeto ainda está definindo se vai haver show ou não, então vamos ver... Bem, quem gostar de HEAVY METAL, vai gostar...
ALESSANDRO: Império Romano I ou II, A Voz, Sete Clarins... É, temos que pensar nisso, realmente dá um friozinho sim. A princípio com curiosidade, mas vão agitar muito.
STRYKE: As músicas do Santuário eram muito trabalhadas. Vocês fizeram algum arranjo novo, ou modificação, nas composições para que tenham uma cara mais atual?
JÚLIO: Como disse na resposta anterior, procuramos fazer como antes, fazendo pequenos ajustes, pois eram musicas longas...
ALESSANDRO: Procuramos manter o som mais próximo do original.
STRYKE: Hoje em dia os grupos nacionais preferem as composições em inglês, pensando na globalização e melhor sonoridade da língua inglesa. Como vocês vêem isto? Fariam a mesma coisa?
JÚLIO: Acho válido gravar em inglês, nada contra, mas acho que não fariamos isso, tinhamos noção disso e queriamos mesmo fazer em português!!!
ALESSANDRO: Creio que é legal valorizarmos nosso língua, cada caso é um caso, Scorpions grava em inglês, David Lee Roth já gravou em espanhol...
STRYKE: Com a participação no documentário, e show para o BHM, abre a perspectiva que o grupo grave o tão aguardado e tardio álbum completo do grupo? Outras bandas fizeram isto, devido à facilidade de gravação independente, e de boa qualidade, que temos atualmente.
JÚLIO: Não pensamos nisso, mas existe uma vontade de gravar mais 2 músicas (que ficaram entre as 3 selecionadas) para disponibilizar antes do BHM, pois são muito boas!!!! kkkkk
ALESSANDRO: É, quem sabe, mas uma coisa de cada vez, primeiro o Brasil Heavy Metal.
STRYKE: Vocês sabem que os fãs do grupo fizeram uma comunidade no Orkut? Tem quase 260 membros. Qual a sensação, de após todos estes anos, o grupo não ter caído no esquecimento?
JÚLIO: Uma sensação boa, e a confirmação de que o HEAVY METAL, é coisa de quem gosta, de quem é fã, que gosta de conhecer o passado e aceita o presente na boa,e posso te dizer que depois de ouvir essa nova gravação, manteremos essa galera viva...
ALESSANDRO: É sinal de que fizemos um bom trabalho.
STRYKE: O grupo teve várias influências musicais nos anos 80, entre elas, Judas, Sabbath, Manowar, entre outros. Atualmente, quais os grupos, nacionais e internacionais, que poderiam influenciar nas composições do Santuário?
JÚLIO: Caraca, é difícil responder, hoje tenho ouvido Black Stone Cherry, Richie Kotzen tá du caralho, Chris Cornel, talvez coisas mais HARD, mais crua, e pesada, menos na área dos virtuoses Dream Theater/Angra por aí, são excelentes, mas não influenciariam a banda, não podemos esquecer do grande METALLICA, isso é foda!!!
ALESSANDRO: No meu caso eu não componho, mas, além das velhas influências, tenho ouvido bastante Chad Smith, Carter Beuford, Dave Grohl, John Dolmayan, Jeff Plate e por ai vai, não podemos ficar parados no tempo.
STRYKE: Como vocês vêem, apesar de não estar em atividade encarando os problemas frente a frente, do cenário do heavy metal atual em nosso país?
JÚLIO: Depois que o SEPULTURA abriu as portas, somos competitivos e reconhecidos no mundo inteiro,se fizer um bom trabalho vai em frente fácil!!!
ALESSANDRO: Hoje existe uma gama muito maior de tendências musicais, mas a molecada manda bem, mesmo com poucos lugares para apresentar seus trabalhos.
STRYKE: A STRYKE agradece pela entrevista e coloca as últimas linhas para que o grupo deixa sua mensagem aos nossos leitores.
JÚLIO: Agradecemos a oportunidade de deixar mais esse registro, os Fãs do Metal irão gostar do nosso trabalho, mas o mais importante é que vai ter a oportunidade de conhecer as diferentes bandas e estilos do início dos 80 no Brasil, que abriu as portas para as bandas da metade da década, de 86 em diante, se firmarem no mundo do METAL... VAI SER UMA HISTÓRIA BEM LEGAL, AGUARDEM!!!!! Abraços, e Obrigado!!!!
Julio Michaelis
ALESSANDRO: Agradeço a todos pelo respeito que tem pela banda após tanto tempo, espero poder corresponder do jeito que vocês merecem.
Abraço.
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